Como os robôs estão mudando a indústria?

07/06/2014 11:39

Como os robôs estão mudando a indústria?

(Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times)

 

Já faz algum tempo desde que foram criadas as primeiras fábricas automatizadas. De lá para cá, os braços mecânicos usados nas linhas de montagem deixaram de ser simples equipamentos designados para uma única tarefa.

 

Hoje, essas máquinas são capazes de desempenhar múltiplas tarefas com facilidade e muito mais precisão que seus “antepassados”. Ao mesmo tempo, elas são tão velozes que a maioria das fabricas é obrigada a “enjaular” seus robôs em estruturas de vidro – uma forma de estabelecer um perímetro de segurança para que as pessoas não acabem se ferindo por estarem próximas demais de seus incansáveis companheiros de trabalho.

 

Vendo isso tudo, não há como deixar de se perguntar quais as vantagens e desvantagens trazidas por essa automatização no estado atual. Confira algumas das mudanças mais importantes que ela causou.

 

Fora das linhas de montagem:

No início da automatização da indústria, a presença de robôs era uma exclusividade das linhas de montagem. Entretanto, isso não pode mais ser dito, já que atualmente é possível encontrá-los em várias outras áreas, de acordo com o The New York Times.

(Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times)

 

É o caso do que vem ocorrendo com o setor de distribuição: companhias como a C & S Wholesale Grocers, a maior distribuidora de produtos alimentícios dos Estados Unidos, já está utilizando robôs para carregar, organizar e armazenar seus estoques – tarefa que eles desempenham com muito mais eficiência que uma pessoa comum.

 

Até mesmo o meio rural está aceitando a automatização lentamente. Na Califórnia, uma fazenda trocou parte de seus funcionários por quatro braços mecânicos, os quais utilizam ventosas especiais para colocar embalagens de alface orgânica em caixas de transporte.

 

Robôs no comando:

 

Outro caso interessante é o de Josh Graves, um funcionário de uma distribuidora de alimentos. Diferente do que acontece com o caso mencionado anteriormente, Graves trabalha levando produtos de um lado a outro de um armazém diariamente com sua empilhadeira — e o robô é quem dá as ordens no trabalho.

 

Segundo Graves, em uma entrevista ao The New York Times, ordens são enviadas a ele constantemente por um computador central através de fones de ouvido que devem ser usados durante o horário de trabalho.

 

“O cérebro”, como ele e seus companheiros de trabalho apelidaram carinhosamente, determina os objetos a serem carregados e para onde eles devem ser levados. Mas ele não se limita a isso: o computador controla a velocidade de cada veículo ao mesmo tempo em que informa o posicionamento de cada máquina e o que ela está fazendo para os gerentes da companhia.

 

Os prós e contras da automatização:

Quando vamos falar das vantagens e desvantagens trazidas pelas máquinas, a briga é a mesma de sempre: de um lado, as pessoas reclamam que a automatização vai acabar com o emprego de incontáveis trabalhadores. Do outro, as fabricantes de robôs afirmam que seus produtos apenas geram empregos em outras áreas. E no meio disso está a empresa, que precisa decidir entre otimizar seus lucros ou manter a simpatia do público.

 

(Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times)

 

Normalmente, a vitória na disputa fica para o lado dos robôs. Mas isso não é por falta de motivo: uma linha formada apenas por braços mecânicos é capaz de trabalhar sem qualquer pausa, em áreas muito menores que os humanos.

Além disso, esses equipamentos tendem a gerar grandes lucros a longo prazo, já que uma máquina com custo médio de 250 mil dólares substituindo dois empregados com salário de 50 mil ao ano deve economizar 3,5 milhões ao fim de seus 15 anos de vida útil.

 

Por fim, não há como negar que, assim como as fabricantes de robôs afirmam, realmente são gerados novos trabalhos para gerenciar tais equipamentos e cuidar dos toques finais que as máquinas são incapazes de fazer. Eles apenas esquecem de dizer que, para cada vaga criada, várias pessoas tem que se tornar desempregadas – um preço que muitos não estão dispostos a pagar em troca dessa “evolução”.

 

O mundo ainda é dos humanos:

Apesar das vantagens trazidas pelos robôs em uma linha de montagem, ainda estamos muito longe de ter uma fábrica 100% automatizada. O fato é que, por mais rápido e preciso que um computador possa ser para desempenhar a tarefa de um humano, ele não é capaz de pensar como um, sendo incapaz de tomar decisões fora de sua programação.

 

Isso é algo que até mesmo especialistas como Bran Ferren, roboticista veterano e designer de produto da Applied Minds, concordam. “Você precisa ter pessoas por perto de qualquer jeito. E pessoas são muito boas em descobrir coisas, por exemplo, como eu coloco esse radiador ou encaixo essa mangueira? E essas coisas ainda são difíceis para os robôs fazerem”, disse ele.

 

Fonte: The New York Times

 

Fonte:

https://www.tecmundo.com.br/robotica/28854-como-os-robos-estao-mudando-a-industria-.htm

 

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Conseqüências sociais do uso da Robótica

 

O problema do desemprego é considerado como um dos mais graves dentre todos os que afetam as sociedades urbanas. Diante desse problema, procuram-se sempre razões que o justifiquem, até mesmo para poder enfrentá-lo de maneira mais eficaz. Uma das razões mais freqüentemente esgrimidas, é que a tecnologia em geral, e em particular a automação dos processos industriais e o uso massivo da informática, deixaram de lado a mão de obra humana, provocando assim o desemprego dos operários substituídos pelas máquinas

 

Hoje em dia, o problema do desemprego é considerado como um dos mais graves dentre todos os que afetam as sociedades urbanas. Diante desse problema, procuram-se sempre razões que o justifiquem, até mesmo para poder enfrentá-lo de maneira mais eficaz.

 

Uma das razões mais freqüentemente esgrimidas, é que a tecnologia em geral, e em particular a automação dos processos industriais e o uso massivo da informática, deixaram de lado a mão de obra humana, provocando assim o desemprego dos operários substituídos pelas máquinas.

 

Mas, seria interessante analisar até que ponto isto é realidade e não um lugar comum que, de tão freqüentemente repetido, já ninguém questiona, ou se, pelo contrário, existe uma base de verdade em tal afirmação.


A Evolução da Tecnologia

Em primeiro lugar, não se deve esquecer que a história da evolução da tecnologia é a história da evoLução da própria espécie humana. Entendemos aqui por tecnologia, toda invenção, seja de um instrumento, conceito ou método, que tenha o intuito de facilitar a vida prática do homem.

 

Não é um fim em si mesma, e sim um instrumento para uma melhoria na qualidade de vida. Assim, desde que os primeiros ancestrais do homem desceram das árvores e começaram a andar em dois pés, a evolução tecnológica acompanhou, de maneira incessante, a evolução da espécie humana.

 

Com certeza, as primeiras invenções foram um martelo feito com um osso, um machado feito com uma pedra de forma adequada, e outras ferramentas rudimentares que tinham por objetivo aumentar a força humana aplicada, tanto para a caça como para a fabricação de outros elementos.

Acredita-se que a primeira grande revolução tecnológica tenha acontecido há cerca de 700000 anos, e consistiu na descober ta da primeira fonte de energia: o adestramento do cachorro.

 

Efetivamente, o homem descobriu que podia utilizar esses animais, que normalmente acompanhavam as hordas nas suas caçadas a fim de se alimentar dos restos de comida, como fonte de energia, isto é, para puxar os trenós durante as eras glaciais.

 

Quando se tenta entender, inclusive, a tardia invenção da roda, por exemplo, a explicação é muito simples: a roda sobre o gelo não serve para nada. É por isso que essa invenção surgiu milênios mais tarde.

Durante as primeiras civilizações urbanas, na região da Mesopotâmia, aproximadamente a partir de 3000 A.C., teve lugar um monumental salto tecnológico, com numerosas invenções que facilitaram, organizaram e melhoraram em qualidade a vida do homem: a invenção da escrita, o desenvolvimento da agricultura, o adestramento do gado para se provir de carne e leite, a evolução da arquitetura, que permitiu construir casas mais sólidas e confortáveis e até palácios, os primeiros códigos legais, as primeiras organizações sociais, o comércio, o eixo e a roda (e portanto a carruagem). Inventa-se a matemática, a astronomia, que ofereceu a possibilidade de viajar também de noite, inventa-se a escola, também as primeiras leis, e as primeiras formas de governo e organização social.

 

Nessa época também se produziu outra descoberta importante: a produção em série. Até esse momento, o homem só fabricava o que precisava para satisfazer suas necessidades pessoais, mas a descoberta de uma série de garrafas quase idênticas, provenientes da mesma região, demonstrou que naquela época começou-se a fabricar em quantidade excessiva, evidentemente para conservar, trocar ou vender o excedente.

 

Daí em diante, o ser humano começa a planejar o futuro, expande a produção, vendendo ou trocando produtos a outros. Nasce o excesso de produção, sistema econômico e de vida que dura até hoje.

Durante os impérios grego e romano houve uma detenção notória das invenções tecnológicas. Efetivamente, a Grécia de Péricles se caracterizou pelo aprofundamento das artes, das matemáticas, da poesia e da filosofia, mas poucas invenções impor tantes tiveram lugar nesse período.

 

Como sustentava Aristóteles, acreditava-se que tudo aquilo que servia à vida prática já tinha sido inventado ou descober to, sendo mais sensato dedicar o tempo a outras coisas, que enriquecessem o espírito sem se preocupar em demasia com o conforto material. A explicação para tal atitude é muito simples, o trabalho pesado era inteiramente executado por escravos, razão pela qual os cidadãos não deviam se preocupar com o seu sustento, nem com nenhum tipo de trabalho físico.

 

Considerava-se, inclusive, que a atividade física era degradante, que o ser superior devia ocupar seu tempo em desenvolver as ciências e as ar tes, deixando para os cidadãos de segunda classe e para os escravos qualquer tarefa que exigisse a força humana, talvez com a única exceção dos esportes.

 

A esse respeito, cabe ilustrar com uma anedota do imperador Vespasiano. Durante seu reinado, o Capitólio pega fogo e um cida-dão, ao apresentar ao imperador um projeto de roldanas e correias para transportar as pedras necessárias para a reconstrução, obtém como resposta do imperador: “Compro, desde que você não o divulgue. Senão, o que farão as pessoas que ficarem sem trabalho?”.


A partir do século XII, começa um período de grande expansão tecnológica que talvez possa ser relacionado com a dificuldade de conseguir escravos.

 

Inventa-se a pólvora, o moinho de água, difun- de-se a bússola e os arreios mo- dernos dos cavalos, que permite multiplicar até vinte vezes o rendimento desses animais. Inventam- se os óculos, a imprensa e o relógio. Muitos inventos, principalmen- te durante a Renascença, mudaram a vida urbana de maneira radical.

Mas também, para entender a vida na sociedade pré-industrial, é necessário analisar a organização das atividades diárias em função das ocupações do homem médio, vida que, apesar das inovações tecnológicas, não teve grandes mudanças desde o ano 3000 a.C. até a Revolução Industrial, em finais do século XVIII.

 

A primeira etapa é a do trabalho ar tesanal: vida e trabalho coincidiam totalmente. As oficinas, que dedicavam-se à fabricação de um produto em par ticular, muitas vezes estavam localizadas em ruas específicas, principalmente durante a Idade Moderna, e eram dirigidas por seus próprios donos. Os trabalhadores não eram outros que os familiares, e todos moravam na mesma casa que funcionava como oficina. Estas eram organizadas como microempresas que operavam de forma autônoma.

 

Ali, conviviam a vida familiar e de trabalho, o chefe da empresa era também o chefe da família, e o tempo dedicado ao trabalho coincidia com o tempo dedicado à vida em geral. Nos mesmos aposentos se trabalhava, se cozinhava, se estudava, se dormia. Naquele tipo de oficina se realizava um ciclo produtivo completo, desde o projeto até a execução e venda de um objeto. Essa sociedade como um todo fundava-se em necessidades elementares, a economia era do tipo local.

 

Cultivavam-se valores patriarcais e matriarcais, pouquíssimos tinham um alto nível de escolarização, a maioria estava constituída por analfabetos. A religiosidade e a superstição exaltavam a dimensão mágica,fatalista e ultraterrena da existência humana. Somente após milhares de anos, esse mundo se transforma na sociedade industrial.

A Revolução Industrial

Segundo o filósofo Alan Touraine, os saltos de época se produzem quando coincidem três fatores simultaneamente: a descoberta de novas fontes energéticas, uma nova divisão do trabalho, e uma nova organização do poder. Isto aconteceu poucas vezes na História, e uma delas foi em finais do século XVIII, com a chamada Revolução Industrial.

Essas mudanças trazem consigo uma nova epistemologia, uma nova forma de ver o mundo. Um novo movimento, o racionalismo, começou a mudar a visão das pessoas, no sentido de confiar mais na ciência e na razão humana à diferença do que tinha acontecido até então, desde o início da História, quando se encaravam todos os acontecimentos da vida de uma maneira fatalista, com um enfoque religioso ou emotivo.

Oracionalismo acreditava que tudo tinha uma explicação racional, mesmo aqueles eventos cujas causas ainda eram desconhecidas ou inexplicáveis. A metodologia do tra- balho, as organizações sociais, as leis e os costumes começaram a mudar segundo esta nova ideologia que foi se popularizando de maneira irreversível.

Politicamente, a burguesia chega ao poder a partir da Revolução Francesa, colocando nele uma classe que se caracterizava por uma distinção econômica, e não mais nobiliária ou de inspiração divina. Isto provoca uma nova relação com a economia, agora também um fa-tor de poder, e começa a se privilegiar a acumulação de riquezas em forma desmedida, a popularizar o comércio e a produção, tanto industrial quanto agrícola.

Na organização do trabalho viu-se efetivada uma das mudanças mais radicais, com o nascimento das indústrias, o desenvolvimento e aperfeiçoamento das máquinas, os horários de trabalho fixos, e a produção em série.

A vida das famílias muda, pois começa a ser comum que o homem passe determinadas horas fora da casa, em função do trabalho, enquanto a mulher, pelos menos nas classes altas, ficava em casa.

 

Começa a ser visto como “natural” que ao homem corresponda o trabalho duro, a labor externa, e à mulher as tarefas domésticas, a educação dos filhos, e as tarefas do lar em geral. A sociedade vira mais patriarcal ainda, relegando a mulher a um plano emocional e afetivo, e ao homem as tarefas produtivas que mantinham em funcionamento o sistema e a sociedade em geral.

 

Também a educação muda, começa a se popularizar a escolaridade e começa a surgir a educação técnica, ao serviço das novas tarefas das quais a sociedade precisava. O tempo das pessoas é reorganizado, dedicando-se determinadas horas ao trabalho, determinadas ao descanso, e outras ao lazer.

 

As cidades começam a mudar e crescer em forma desproporcionada, e começam a se organizar em função do novo tipo de vida, nascendo as zonas industriais, onde se trabalha, as zonas residenciais, e as zonas comerciais, provocando um deslocamento em determinadashoras de uma grande quantidade de indivíduos de uma região para a outra. Devido a essa nova necessidade de deslocamento nascem os meios de transporte massivos, estradas e avenidas.

A nova forma de trabalho cria diferentes classes sociais, com uma tensão permanente entre umas e outras em função das vantagens e explorações que devem sofrer; os católicos, por exemplo, viam o trabalho como uma condenação divina; a burguesia liberal, como uma disputa mercantil; e para Marx era uma possibilidade de redenção, junto com a revolução, e portanto um direito a ser conquistado.

 

Apenas Taylor, no plano prático, e Laforgue, no plano teórico, consideravam o trabalho um mal que devia ser reduzido ao mínimo, quando não evitado.

A nova forma de produção em série, que foi aperfeiçoada com a invenção, por Henry Ford em 1908, da linha de montagem, cria uma nova forma de consumo, na qual a abundância de produtos e a estandarização deles começa a ser comum na sociedade. Isto provoca que a especialização no trabalho seja levada às máximas conseqüências.

 

Taylor chega a defender que cada trabalhador deve repetir, milhares de vezes por dia, um só gesto, com o intuito de aumentar assim a eficiência na produção, pr incipal fator de maximização dos benefícios da indústria. Exatamente como faz Chaplin, ironicamente, no seu filme “Tempos modernos”. Também os espaços nas fábricas são especializados, começa a se dividir o armazém do depósito, as seções de produção se dividem também, assim
como os escritórios e oficinas.


A produção estandarizada cria uma nova necessidade, a de vender milhares de produtos iguais, é por isso que são criadas as modas, e nascem as lojas de departamentos, os supermercados, com preços únicos e fixos. Henry Ford falava “os americanos podem comprar carros de qualquer cor, desde que sejam pretos”.

 

A perda de tempo para trocar as tintas, o que implicava em maiores custos, fazia com que apenas fosse possível, para vender o modelo T em menos de US$ 1000, fabricá-los todos de uma única cor.

Em síntese, as sociedades viveram diferentes épocas desde o início da História, com períodos de estabilidade mais ou menos longos, avanços tecnológicos mais ou menos revolucionários, mas em nenhum outro momento se viveu uma mudança tão radical como esta, que mudou a maneira de pensar, de se ver, de se organizar, de trabalhar e produzir, a até as relações familiares, de poder, e sociais.

A automação nas indústrias em geral, e a robótica em particular, embora tenham seus antecedentes desde tempos muito remotos, ganharam um auge sem precedentes durante a Revolução Industrial. Dentre as primeiras invenções, podem se destacar a fiandeira de fusos múltiplos de Hargreaves (1770), a máquina de fiar de Cromptom (1779), o tear mecânico de Car twright (1785), o tear de Jacquard (1801) e outras.

Mais recentemente, foram desenvolvidas duas tecnologias que podem se denominar como o antecedente imediato da robótica: o comando numérico e o telecomando. O comando numérico é uma tecnologia desenvolvida por John Parsons, em finais da década de 40, e consiste na programação de uma máquina operatriz através de números introduzidos nela e que podem significar, por exemplo, as coordenadas de uma peça a ser usinada.

 

O telecomando trata do uso de um manipulador remoto controlado por um ser humano. Uma combinação de telecomando e comando numérico formam a base do robô moderno. Deve-se a dois cientistas a confluência dessas duas tecnologias e as vantagens conseguidas nas aplicações industriais práticas. O primeiro foi o inventor br itânico Cyr il Walter Kenward, que foi o primeiro a patentear um dispositivo robótico em março de 1954. O segundo cientista é o inventor nor te-americano George C. Devol.

Mas o conceito do moderno robô industrial foi criado por Joseph Engelberger. Em 1962, junto com Devol, desenvolveu o primeiro protótipo de robô, chamado de Unimate, a ser utilizado em aplicações industriais diversas concretas. A primeira instalação registrada do robô Unimate aconteceu na Ford Motor Company para descarregamento de uma máquina de fundição sob pressão.

Posteriormente, a maioria dos desenvolvimentos em robótica basearam-se no desenvolvimento da tecnologia de computadores e microprocessadores em geral. Embora os computadores estivessem disponíveis comercialmente desde o início da robótica, foi somente em meados da década de 70 que, com seu aumento de velocidade e capacidade, se tornaram adequados como controladores de operações de robôs. Hoje em dia, praticamente todos os robôs industriais utilizam como controlador um computador pessoal ou algum outro tipo de controlador digital programável, como pode ser um CLP (controlador lógico programável).

A Sociedade pós - industrial

Embora não constitua uma opinião unânime, numerosos autores consideram encerrada a era industrial. A razão para isso é que, nos últimos 20 anos, as mudanças nos sistemas de produção, de distribuição e propaganda, na forma de trabalhar, e até nos fatores de poder e as relações humanas dentro de cada sociedade, mudaram tão ra- dicalmente, que esta época realmente tem muito pouco a ver com respeito àquela outra na qual nossos pais cresceram, com seus valores e princípios e, principalmente, com seus costumes.

Existem muitas mudanças difíceis de detalhar, mas não seria um erro afirmar que uma das mais impor tantes se deu no trabalho. Até agora, tanto na era industrial quanto na era pré-industrial, a maioria da população realizava um trabalho físico, inclusive, o próprio conceito de trabalho era associado ao suor e ao cansaço. Atualmente, embora seja claro que continuam existindo tarefas que exigem um grande esforço físico, a maioria dos trabalhadores realizam tarefas intelectuais, ou pelo menos que não exigem um desgaste excessivo.

Outra característica desta sociedade é a preocupação com a ecologia, pois durante anos a produção era o único fator importante para o sistema industrial, sem considerar os danos ao ambiente provocados; a par tir de agora e cada vez mais, as sociedades se preocupam pelo conhecido termo “crescimento sustentável”. A globalização também permitiu que produtos, que durante séculos tiveram um ciclo de obtenção de matéria prima, produção e venda dentro de uma mesma sociedade, começassem a ser produzidos nos mais diversos países, montados em outros, e vendidos no mundo todo. A informação chega a todos os cantos do mundo em forma instantânea, tanto a “oficial” através dos meios de comunicação, como a alternativa através da Internet. A biotecnologia e a manipulação genética ganham espaços nunca antes suspeitados. Se privilegia, cada vez mais, até o ponto de constituir uma verdadeira indústria, as idéias e as criações, criando verdadeiros mercados de idéias e patentes. O teletrabalho também vai ganhando espaço, permitindo a cada vez mais trabalhadores (embora ainda seja um número reduzido, é indubitável que a tendência é crescente), se relacionar com seus patrões e clientes apenas por correio eletrônico, evitando deslocamentos físicos. A fabricação também mudou, deixando de ser estandadizada, em forma totalmente uniformizada e precisando portanto das modas de consumo, para voltar a ser, quase como era nos tempos da produção exclusivamente artesanal, uma produção personalizada, segundo o gosto do cliente.


Outra característica totalmente recente nesta sociedade, é o desenvolvimento e a produção de materiais primários não existentes na natureza. Durante séculos, o homem utilizou apenas os materiais existentes na natureza ou derivados deles, como aço, por exemplo. Hoje são produzidos materiais totalmente desenvolvidos em labora- tório. Para a fabricação do motor Fire, por exemplo, é necessário um tipo de porcelana particularmente resistente. Então, em muitos casos primeiro desenvolve-se a matéria prima, para depois desenvolver o produto.

Mas, talvez a maior dessas mudanças todas consista nos meios de produção automatizados. O trabalho repetitivo ou excessivamente simples está sendo cada vez mais realizado por máquinas, restando para os humanos o trabalho intelectual ou cr iativo, como foi mencionado anteriormente. Isto que hoje em dia se observa claramente em qualquer indústria de manufatura, na realidade, é a conclusão de um processo que veio se dando através dos anos. Daniel Bell, em 1956, descobriu que nos Estados Unidos o número de empregados “colarinhos brancos” ultrapassava o número de operários no chão da fábrica, estimando assim que o mundo caminhava na direção à predominância do setor de serviços. Assim, a nova sociedade se funda, na realidade, mais no tempo vago e não no trabalho, mais na criatividade do que na produção, mais nas idéias do que no esforço puramente físico.

Este aumento dos empregados de escritório e do setor de serviços em geral foi muito gradual. Na medida em que as máquinas podiam substituir a mão de obra humana, esta mudança ia cobrando forma. Como foi mencionado na seção anterior, na verdade, bem no início da era industrial já existiam máquinas na indústria têxtil utilizadas no lugar de operários. Mas foi com o desenvolvimento dos circuitos integrados em larga escala (VLSI) que a eletrônica, e portanto também os microprocessadores, começaram a se desenvolver aceleradamente. Em poucos anos, primeiro a eletrônica, e depois a informática, deram saltos de qualidade enormes, permitindo à robótica se converter numa realidade em qualquer indústria de manufatura.

Observe-se na tabela 1 adiante, alguns dados que, embora incompletos e desatualizados, permitem ter uma idéia sobre o crescimento da população de robôs instalados nas indústrias.
 


A robotização, evidentemente, melhorou a produção em qualida- de e quantidade. A Fiat fabrica, atualmente, com quatorze horas de trabalho, o mesmo produto que, há quinze anos, fabricava em cento e setenta horas. Antigamente, para fabricar uma máquina de escrever mecânica, a Olivetti empregava oitenta horas de trabalho humano.Hoje são construídos computadores pessoais em trinta e cinco minutos. Assim, nos países da Comunidade Européia, calcula-se que 50% da produção é imaterial, o pessoal empregado diminui 1% ao ano, sendo que nas grandes empresas este índice chega a 4%.

Nas primeiras aplicações da robótica, os robôs eram principalmente empregados em tarefas perigosas, ou que exigiam manuseio de elementos pesados ou difíceis de manipular, por exemplo, na solda de dutos ou elementos pesados. Nos primeiros anos da automação, portanto, o desemprego não chegava a ser considerável. Mas, na medida que os robôs foram se aperfeiçoando, foram sendo criados novos algoritmos de controle mais precisos, e foram se sofisticando os computadores utilizados como controladores, os robôs foram substituindo mão de obra humana em tarefas que eram típicas dos operários, isto é, nas tarefas repetitivas da linha de montagem, por exemplo no embutimento de acessórios, pintura, acabamento, usinagem, deslocamento de material, entre muitas outras tarefas agora automatizadas. Mas também o desenvolvimento da informática permitiu substituir não apenas operários, como muitos empregados “colarinhos brancos”, uma vez que é possível fazer transferências bancárias, arquivar dados, fazer planilhas e cálculos, e se comunicar com o resto da empresa com ajuda de computadores. Até secretárias, seguranças, telefonistas e outras tarefas foram substituídas por dispositivos eletrônicos. O desafio de maximizar a eficiência ou produção sobre horas de trabalho, está se concretizando reduzindo as horas de trabalho ao máximo possível.

Isto já era o sonho de Aristóteles, há 2500 anos, quando divagava: “Ah, se um dia os teares pudessem se mover sozinhos, sem o auxílio de qualquer escravo...”. Hoje, o sonho de Aristóteles é realidade numa fábrica japonesa totalmente robotizada.


O Problema do desemprego

Na sociedade contemporânea, o problema do desemprego parece se alastrar por todos os países, desrespeitando as fronteiras entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Numerosos são os argumentos que se esgrimem para explicá-lo, diversas as razões que os Governos dão para esse flagelo, várias as estratégias, em geral infrutuosas, que se utilizam para combatê-lo. Ser ia conveniente, pelo menos, analisar algumas das razões que, sem dúvida, motivam vesse desemprego em alguma me- dida. Muitos dos países subdesen- volvidos sofrem um desa- quecimento da economia, com paulatinamente menores investi- mentos nos setores produtivos, principalmente na indústria, e conseqüente falta de criação de postos de trabalho. Baixos salários, possibilitados pela permanente flexibilização dos contratos de trabalho a fim de reduzir os custos de produção, provocam uma queda no nível de consumo da população que, por sua vez, provoca uma queda na produção por falta de vendas, e portanto demissões devido à falta de produtividade. Isto que acontece em alguma medida em diversos mercados, se vê mais claramente em alguns produtos, tal como no mercado automotor, mas o círculo vicioso é geral e a maioria dos países ocidentais sofreram nos últimos anos uma redução no nível de consumo.

Em muitos desses países, juros altos são implementados pelos Bancos Centrais (o Brasil é recordista nesse quesito), a fim de atrair investimentos estrangeiros, que, na maioria dos casos, não são aplicados nos setores produtivos mas sim no setor financeiro, atraídos pelo retorno fácil e rápido, assim como pela liquidez imediata. Esses mesmos juros altos aumentam a dívida interna dos países, o que dificulta a aplicação de recursos no setor público, com a conseqüente queda nas contratações, tradicionalmente numerosas, nesse setor. Além disso, dificultam, quando não impedem, o acesso ao crédito para as empresas em geral, e principalmente para as indústrias que precisam de um alto capital de instalação a fim de adquirir os ativos necessários para seu funcionamento, ou por exemplo para o agro, que precisa desse crédito para as colheitas. A falta de crédito é um dos fatores mais relevantes da falta de investimento na produção.

Outro dos fatores neste mercado globalizado, é a permanente diminuição das alíquotas de importação, medidas sempre impostas, principalmente aos países subdesenvolvidos, pelos órgãos internacionais tais como FMI, Banco Mundial e OMC. Essas baixas alíquotas provocam a impossibilidade de concorrência com produtos fabricados com mão de obra barata em outros países, em muitos casos mão de obra semi-escrava, ou com produções auxiliadas com subsídios, vantagens fiscais, isenções de tarifas públicas, e outros tipos de benefícios que constituem “dumping” e contra os quais os produtos fabricados em nossos países não podem concorrer, levando à falência nossas indústrias. A indústria têxtil sofreu claramente com esse fenômeno. Os países poderosos, no entanto, protegem-se com altas alíquotas de importação, cotas, subsídios, entre outros mecanismos freqüentemente utilizados, ou simples proibições de comércio como acontece com o caso de Cuba.

A partir dos anos 80, com o auge do neoliberalismo, muitos Estados privatizaram as empresas públicas, sob a filosofia de reduzir o Estado, a fim de torná-lo mais eficiente diminuindo os déficits fiscais. Essas empresas, em muitos casos utilizadas como “cabides” de emprego, passaram por “reestruturações”, procurando maximizar a eficiência, o que na grande maioria dos casos significou demissões em massa.

Cabe se apontar também que, principalmente nos países industrializados, as próprias indústrias não aplicam seus lucros em reinvestimentos produtivos, mas preferem fazê-lo no mercado financeiro, pelas razões apontadas anteriormente, provocando ganhos dos mais altos da história, sem aumento nenhum da produção. Os empresários obtêm empréstimos a juros cada vez mais convenientes, gozam de incentivos fiscais cada vez maiores, reduzem os benefícios trabalhistas cada vez mais, e no entanto vêem seus lucros aumentados de maneira inédita. A esse maior ganho dos empregadores corresponde uma diminuição da receita estatal, um aumento do desemprego e um decréscimo na qualidade de vida dos trabalhadores.

No meio desse contexto, sem dúvida que o uso massivo da tecnologia é, em muitos casos, um dos menores agentes causadores do desemprego. Mas é inegável que, principalmente nos países altamente industrializados, em que essa tecnologia é amplamente utilizada, a mesma provoca a substituição da mão de obra humana por robôs, computadores, e máquinas em geral que realizam o trabalho de maneira mais precisa, rápida e eficiente. Principalmente em indústrias de manufatura, montagem, emetalúrgicas esse fenômeno é mais explícito.

Durante os primeiros anos da automação industrial, a tecnologia fez com que deixassem de existir alguns empregos para gerar outros mais qualificados e, talvez, em maior proporção. Porém, com o desenvolvimento da eletrônica e principalmente dos microprocessadores, esse equilíbrio se rompeu, e os empregos perdidos pelo uso da tecnologia não são mais compensados por novos investimentos ou novos tipos de emprego.


Nos dias atuais, o desemprego deixou de ser um problema puramente circunstancial, um efeito colateral e indesejável de uma teoria econômica imposta mundialmente e aceita por todos os setores sem maiores questionamentos, quase como se fosse o sistema naturalmente adequado à condição humana. Sem dúvida, o alto desemprego é um produto causado e provocado direta e propositalmente pela aplicação dessas ideologias neoliberais e economias de mercado. Justifica-se isso na razão de que o desemprego tem uma função estrutural na economia de mercado, serve para precarizar ainda mais o emprego existente, sob a ameaça ao empregado de que é facilmente substituível, diminuir os salários e os direitos trabalhistas em geral, aumentando os lucros das empresas.

O desemprego deixou de ser um problema econômico para se conver ter num problema social dos mais graves e urgentes. O desempregado fica exposto à miséria, sem acesso a bem nenhum e sem nenhuma proteção, ou a cada vez menos, por parte do Estado. É despojado dos seus bens e, portanto, na prática também dos seus direitos, principalmente o maior deles, o direito à vida. Pois nenhuma provisão é tomada no sentido de cuidar da sua saúde, alimentação, moradia, entre outros “benefícios”, dos quais o Estado neoliberal cada vez mais se desentende, deixando o indivíduo livrado às suas próprias forças para subsistir, isto é, no caso do desempregado, simplesmente nenhuma. Quando o indivíduo tenta se apropriar desse direito, numa tentativa desesperada por subsistir, então passa a ser um delinqüente, um marginal, alguém que não merece o convívio entre os mortais “civilizados”.

Inclusive, o próprio termo “desemprego” se acha privado do seu verdadeiro sentido, recobrindo um fenômeno diferente daquele outro, totalmente obsoleto, que parece indicar.

Isto não é, definitivamente, um fenômeno circunstancial e isolado. Em 1958, existiam na França 25000 desempregados, em 1996, esse número subiu para 3,5 milhões. Existem ao redor de 120 milhões de desempregados no mundo, 35 milhões nos países industrializados, 18 milhões na Europa. 1

Entretanto, os Estados utilizam diversas armas para lutar contra esse flagelo. Uma das principais, imposta pelo mesmo sistema que provoca e deseja esse desemprego, é a flexibilização dos contratos de trabalho. Entendeu-se, magicamente, que a dificuldade de contratação e de demissão, os direitos trabalhistas, o salário mínimo supostamente alto, as férias remuneradas, eram onerosos para as empresas, encareciam a produção, impediam a concorrência, e por tanto, geravam desemprego. Mas a verdade é que determinados países extinguiram quase que totalmente qualquer direito trabalhista, aboliram o salário mínimo, a jornada máxima de trabalho, faltou apenas aprovar novamente a escravatura, e a maioria das empresas que se beneficiaram com essa flexibilização (em muitos casos os próprios Estados) não geraram um único emprego. Apenas por uma simples razão: não precisavam de mais trabalhadores. Acreditou-se durante anos (e acredita-se ainda!) que a prosperidade das empresas implica
a prosperidade dos trabalhadores. Todavia, à empresa oferecem-se todo tipo de benefícios, subvenções, possibilidades de contratos vantajosos e a fim de que ofereça empregos e não se desloque para outro lugar. Benevolente, ela aceita, mas não emprega ninguém, e fecha ou ameaça faze-lo se tudo não correr conforme a sua vontade 2 .

Os órgãos internacionais, zelosos protetores dos ideais do mundo livre, defendem e incentivam tais flexibilizações. Assim o Banco Mundial afirma: “Uma flexibilidade aumentada do mercado de trabalho é essencial para todas as regiões que empreendem reformas em profundidade”. O FMI vai ainda mais longe: “Os Governos europeus não devem deixar que os temores suscitados pelas conseqüências da sua ação sobre a distribuição de renda os impeçam de lançar-se com audácia numa reforma profunda dos mercados de trabalho. A flexibilização destes últimos passa pela mudança do seguro-desemprego, do salário mínimo legal e das disposições que protegem o emprego”.3


Outra arma utilizada foi a atração de investimentos estrangeiros,principalmente mediante sedutores mercados financeiros que proporcionam lucros rápidos e fáceis. Esperavam-se os investidores e seu dinheiro como maná chovido do céu para eliminar a fome e a miséria do povo. Os investimentos, em muitos casos, efetivamente chegam. Mas claro que quase nunca são aplicados na produção, no setor de serviços, na sociedade em geral, não criando, em definitivo, nenhum posto de trabalho.

A falta de emprego, pelo visto até aqui, deve-se a diversos e complexos fatores. Mas principalmente nos países industrializados, o avanço tecnológico provocou um fato inédito na História da Humanidade: para produzir todos os bens e serviços de que ela precisa, simplesmente não fazem mais falta todos os trabalhadores. A época do pleno emprego, principalmente entre a Segunda Guerra e os anos 80, não voltará mais, e parece utópico sonhar com esse retorno como se estivéssemos vivendo uma crise “passageira”, da qual o próprio sistema, tal como se alguma vez conseguiu, vai se encarregar.

O desemprego, em diferentes medidas, invade todas as classes sociais e todas as sociedades, acarretando miséria, insegurança, sentimentos de vergonha em razão dos descaminhos de uma sociedade que o considera uma exceção à regra geral estabelecida para sempre. Uma sociedade que pretende seguir seu caminho por uma via que não existe mais, em vez de procurar outras. Longe de representar uma liberação favorável a todos, próxima de uma fantasia paradisíaca, o desaparecimento do emprego torna-se uma ameaça, já que o trabalho continua sendo necessário de uma maneira muito lógica, não mais à sociedade, nem mesmo à produção, mas, precisamente, à sobrevivência daqueles que não trabalham, e para os quais não têm outro meio de subsistência que aquele emprego que não existe.

Uma quantidade importante de seres humanos já não é mais necessária ao pequeno número que molda a economia e detém o poder. Segundo a lógica reinante, essa multidão não tem razão para viver neste mundo.

Segundo V. Forrester, “houve, sem dúvida, tempos de angústias mais amargas, de miséria mais acerba, de atrocidades sem medi- das, de crueldades infinitamente mais ostensivas; mas jamais houve outro tempo tão fria, geral, e radicalmente perigoso”.


Conclusão

Desde o início dos tempos, o homem teve que trabalhar duro para ganhar seu sustento. Desde a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, carregando com eles a sentença Bíblica que obrigou o homem a “ganhar o pão com o suor do rosto”, que a humanidade procura se livrar dessa “maldição” ou, pelo menos, diminuir seus efeitos o máximo possível. Estamos, talvez pela primeira vez na História da Humanidade, nas portas de atingir tal objetivo. Robôs poderiam fazer todo o trabalho pesado, plantar, colher, fabricar eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, fazer tarefas domésticas e até fabricar as máquinas que farão outros trabalhos, deixando para o homem apenas as tarefas de criação, organização e controle. O homem só deveria utilizar sua imaginação para idealizar em que os robôs podem aumentar ainda mais o conforto das pessoas. Muito mais tempo livre, para dedicar ao lazer, à cultura, às artes, à educação e ao pensamento poderia beneficiar sociedade.

Segundo o sociólogo De Masi: “não se trata de auspiciar o melhor dos mundos possíveis, mas o melhor dos mundos realizados até agora. Onde as operações tediosas, cansativas e perigosas sejam desempenhadas pelas máquinas e as riquezas por elas produzidas sejam distribuídas com base a um princípio de solidariedade, e não de
competitividade. Um mundo onde as vítimas em potencial do progresso possam usufruir das vantagens por ele derivadas, em que o trabalho intelectual e criativo seja dividido de forma equânime e organizado de maneira não alienante. Onde o tempo livre seja resgatado da banalidade, do consumismo e da violência, e em que a cultura em seu conjunto, e não a economia, guie o agir social.”

Mas é claro que para que esse paraíso seja apenas imaginável, é necessário que as riquezas geradas pelo uso da tecnologia sejam justamente distribuídas. Que todas as pessoas tenham acesso a esses benefícios, e não apenas os donos das empresas que vêem reduzidos seus custos de produção e aumentados seus lucros, enquanto o operário desempregado fica sem possibilidade de acesso a bem nenhum.

Será que a solução é ficar no passado, negar ou desconsiderar os avanços tecnológicos, rejeitar a possibilidade de melhorar a produção em qualidade e quantidade, em prol de uma distribuição maciça de empregos?

Pensamos que não é essa a solução.

Hoje, mais do que nunca, a questão da justa distribuição das riquezas exige um amplo debate por parte de toda a sociedade, e atualmente os Governos têm o dever de dar respostas a seus povos.

Bibliografia

- Arthur Critchlow: Introduction to robotics. Macmillan publishing company. USA. 1985.

- Shimon Y. Nof: Handbook of industrial robotics. John Wiley and sons. USA. 1985.

- Mikell Groover, Mitchell Weiss, et.al.: Robótica. Tecnologia e programação. Mc Graw – Hill. São Paulo. 1989.

- Viviane Forrester: O horror econômico. Editora UNESP São . Paulo. 1997.

- Domenico de Masi: O ócio criativo. Editora Sextante. Rio de Janeiro. 2000.


1 - Dados de 1995. Fonte: Hassoun & Rey

2 - Lembre-se da famosa briga entre Rio e São Paulo pela instalação da fábrica de caminhões da Volkswagen, que acabou se instalando em Resende. Inúmeros benefícios renderam apenas 2000 empregos diretos. Outro exemplo é a não aceitação por parte do governo do PT de certos benefícios fiscais que gozava a Ford no Rio Grande do Sul. A mudança para a Bahia foi imediata.

3 - Boletim do FMI, 23 de maio de 1994, citado por Halimi, 1994.


* Originalmente publicada na revista Mecatrônica Atual n° 8 fev/2003

 

Fonte:

https://www.mecatronicaatual.com.br/educacao/1073-conseqncias-sociais-do-uso-da-robtica

 

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